Rádio Conexão News

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Tablets do 'Mais Médicos' não funcionam e pacientes ficam à mercê dos
cubanos.
Sem Wi-Fi, tablet do Mais Médicos perde funções


Profissionais ganharam aparelho, mas não conseguem acessar informações durante as consultas porque UBSs não têm serviço de internet sem fio.


Sem contar com Wi-Fi nos postos de saúde onde trabalham, profissionais do programa Mais Médicos não conseguem usar parte dos recursos oferecidos no tablet dado pelo Ministério da Saúde para auxiliá-los no atendimento aos pacientes. No aparelho ficam disponíveis materiais de consulta referentes a protocolos clínicos, informações sobre doenças e tradutor português-espanhol, entre outros recursos. Parte do material, porém, só pode ser acessada se o aparelho estiver conectado à internet sem fio, tecnologia inexistente na maioria das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) onde os médicos atuam.


"O tradutor do espanhol para o português, por exemplo, só funciona se tiver internet. Isso acaba dificultando um pouco nosso trabalho porque, quando surge alguma dúvida, temos de interromper a consulta, às vezes sair da sala, para pedir ajuda a um colega. Todos são sempre muito solícitos, mas o serviço no tablet facilitaria", diz uma médica cubana.


Aplicativo. Outro recurso do tablet indisponível para os médicos que não têm internet em seus postos é o aplicativo Telessaúde, no qual os profissionais podem enviar suas dúvidas para os supervisores. O Código Internacional de Doenças (CID-10) também só pode ser consultado quando há rede Wi-Fi disponível.


Médicos de cidades em que as UBSs têm internet dizem que os recursos do tablet facilitam o trabalho. "Quando preciso consultar detalhes sobre alguma doença ou então tirar uma dúvida do idioma, o tablet já está na mão, agiliza a própria consulta", afirma a médica cubana Mercedes Perez Calero, de 44 anos, que trabalha em Guarulhos, onde 20 dos 67 postos têm internet grátis.


Investimento. Segundo o Ministério da Saúde, até agora, 4.974 médicos já receberam o tablet em todo o País. Cada aparelho custou R$ 1.450, num investimento total de R$ 7,2 milhões. Outros cerca de 1,6 mil médicos que estão no Brasil pelo programa também vão receber o equipamento, diz a pasta. Questionado sobre a dificuldade de uso do material pelos médicos, o ministério informou que todo o material está disponível para acesso remoto.


O Estado navegou no tablet e confirmou que o tradutor, o aplicativo Telessaúde e o CID-10 não funcionam sem internet. Já as portarias e vídeos sobre os programas do ministério, protocolos clínicos, cadernos de atenção básica e produções científicas estão disponíveis no tablet mesmo no formato offline. Ainda segundo o ministério, o equipamento tem tecnologia 3G e cabe ao médico contratar um pacote de dados móveis para ativar o serviço.


Fabiana Cambricoli

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

MST constrói "universidade" de R$ 7 milhões

RAFAEL CARIELLO
da Folha de S.Paulo  

Doutrinas do MST e de Hugo Chávez
serão ensinadas com dinheiro público


Governador Roberto Requião (centro), João Pedro Stédile (esquerda), e o ministro Miguel Rosseto (direita)

Da esquerda para a direita, Roberto Baggio (MST-PR), João Pedro Stédile (MST-Nacional), governador Roberto Requião, e o ministro Miguel Rosseto
Foi inaugurada na cidade paranaense da Lapa uma nova faculdade do MST, mantida com dinheiro público e que tem como patronos figuras controversas da cena política nacional e internacional: João Pedro Stédile, que já mandou os sem-terra destruir pedágios e invadir usinas hidrelétricas, e Hugo Chavez, presidente da Venezuela cuja principal ocupação é atacar os Estados Unidos.
A Escola Latino Americana da Agroecologia, inaugurada dia 27/08, fica em um assentamento da Lapa, cidade paranaense a 70 km de Curitiba. A escola tem capacidade para 100 alunos, de diferentes organizações camponesas de toda América Latina, que após três anos se formarão Tecnólogos em Agroecologia. Tudo indica que a instituição seguirá na mesma linha da escola Florestan Fernandes, aberta em janeiro, em Guararema, São Paulo. A escola paulista recebeu 300 mil reais do Governo Federal para alfabetizar jovens e adultos, mas seus chefes não escondem que o principal objetivo é o de "formar quadros para ocupar terras".
A coordenação do MST no Paraná afirmou que a escola da Lapa, parceria entre Brasil e Venezuela, terá um currículo que se contrapõe ao agronegócio. ‘Vai ensinar com uma concepção voltada à defesa da soberania alimentar dos povos e das sementes, com foco na agroecologia.’’
O governador do Paraná, Roberto Requião, participou da solenidade de inauguração ao lado do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, que, como ele, é declaradamente aliado do MST. No Paraná, os sem-terra e o governador levantam a mesma bandeira contra o plantio e o comércio de alimentos transgênicos. A afinidade envolve também a mobilização dos militantes: os sem-terra já invadiram e quebraram praças de pedágio, agindo simultaneamente à elevação do tom das críticas do governador às concessionárias.
O coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, enfatizou o alinhamento com o governo paranaense ao falar de "postura firme e corajosa por parte do governo para enfrentar os interesses das transnacionais que querem monopolizar a agricultura"
Já o governo brasileiro participa da nova escola do MST por intermédio da Universidade Federal do Paraná. A UFPR vai dar o certificado do curso de graduação em agroecologia, além de ceder professores. A idéia dos organizadores é abrir uma escola semelhante na Venezuela, também fruto de um intercâmbio do MST com a ONG Via Campesina Internacional e apoio dos governos de esquerda.
A representante do governo venezuelano, Judith Valência, destacou a parceria entre o Paraná e a Venezuela, e disse que os primeiros 20 venezuelanos que estarão na escola vêm em busca do desenvolvimento de técnicas de produção de alimentos livres de venenos e dos interesses do mercado internacional.

Durante o lançamento da escola do MST, o governador Roberto Requião anunciou que irá destinar 4,5 mil hectares em áreas da Paraná Ambiental para criação de novos assentamentos no estado. As áreas compõem fazendas em diversos municípios como Paula Freitas, Irati e Mangueirinha, que pertenciam ao banco Banestado e eram utilizadas para reflorestamentos de pinus.
A ordem é para que Emater e Iapar atuem em projetos de pesquisa voltada à agricultura familiar.  "Os  nossos  institutos  foram  criados 
para atender a pequena e a média agricultura do Paraná e é para este caminho que eles serão reconduzidos e orientados", disse o governador.


Em março, reportagem da Revista Veja mostrou que o MST vem simplesmente embolsando o dinheiro repassado pelo Governo Federal, que deveria financiar cursos de alfabetização, capacitação técnica dos assentados e melhorias na infra-estrutura dos assentamentos.